TRIBUNA DA BAHIA - Programas de milhagens crescem no país

16 de Dezembro de 2015

Conhecidos por fazerem a festa dos viajantes, os programas de milhagens – que são usados com muita freqüência para a compra de passagens aéreas – estão ganhando usuários para a compra de novos produtos e serviços. Dados daAssociação Brasileira de Empresas de Fidelização (Abemf) confirmam que, no terceiro trimestre de 2015, o número de cadastros destes programas chegou aos 67,7 milhões, representando um aumento de 22%, em relação ao mesmo período de 2014.

Não é difícil entender o sucesso dos programas fora dos serviços de viagens. Atualmente, as empresas de milhagens com produtos bem diversificados, que vão de compras de supermercados, serviços estéticos nos salões de beleza, abastecimento em postos de combustíveis, e até mesmo empresas de seguro.

 A estudante de direito Gabriele Araújo é um dos consumidores que tem diversificado quanto aos seus pontos acumulados. Utilizando os serviços há sete anos, a estudante aderiu ao programa inicialmente para baratear seus custos com viagens e barateando a compra de passagens aéreas, mas, nos últimos anos, começou a variar o uso dos pontos. Diariamente ela recebe e-mails das ofertas que podem ser adquiridas através das pontuações.

 “Eu faço quase todas as minhas compras com o cartão de crédito, e por isso estou sempre ganhando novos pontos. Após a compra, vou ao site do cartão, verifico minha pontuação, e vejo quais itens posso comprar a partir disso”, explica a estudante, relatando que, mesmo dentro do programa, há promoções, onde alguns itens passam a valer – por pouco tempo – menos pontos do que seu preço médio.
 
FACILIDADES
 Um dos programas utilizados por Gabriele é a Multiplus, por exemplo, que tem mais de 550 mil opções de produtos e serviços. Além de poder resgatar pontos em bilhetes aéreos, é possível ainda trocar os pontos por produtos eletrônicos, artigos esportivos, itens de beleza e saúde, mensalidade de academia, vinhos utilidades domésticas, entre outros, dos 425 parceiros da rede. Embora haja a opção, não é necessário possuir cartão de crédito para se cadastrar no programa, mas apenas informar o CPF.

 Por conta dessa variedade, também é possível juntar pontos em atividades corriqueiras como no abastecimento do carro, em compras online, na farmácia, em restaurantes. Outra boa fonte de acúmulo é a transferência de pontos dos cartões de crédito para o programa, o que permite unificar e aumentar as possibilidades de resgate dos mais variados serviços.

Quando o participante compra no cartão de crédito e nos parceiros ele acumula duas vezes, ou seja, receberá os pontos do cartão e também os pontos dos parceiros. Além disso, o programa de fidelidade realiza frequentemente promoções para estimular os participantes a acumular pontos, como, por exemplo, pontos bônus nas transferências de cartões ou aumento de pontos por real gasto em parceiros. Outra forma de acumular é o uso do aplicativo mobile da marca. Pela ferramenta de geolocalização, permite buscar parceiros próximos do usuário.

De acordo com a empresa a percepção de valor dos pontos tem crescido nos últimos anos. Entre janeiro e setembro de 2015, a empresa registrou um crescimento de 9,5% no total de pontos resgatados na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 57,4 bilhões de pontos. Esse crescimento é resultado de um aumento de 6,4% no total de resgates de passagens aéreas e um incremento de 37,2% de produtos e serviços não-aéreos.

Consumidor deve estudar antes de adquirir pelo cartão de crédito

Mesmo com as vantagens o consumidor precisa ficar atento à oferta para saber que tipo de programa de fidelização melhor caberá dentro do seu perfil. Para o economista e especialista em educação financeira, Edísio Freire, os programas de fidelização acabam sendo, em sua maioria, muito vantajosos quando o consumidor saber utilizá-los, mas, antes de  pensar nos prêmios que vem ao final de um período de compras sucessivas, o consumidor deve avaliar a real necessidade desse programa em seu orçamento.  

A adesão de boa parte dos programas de milhas é oferecida pelas empresas de cartões de crédito, porém o serviço não sai tão barato: os segmentos de cartões que tem convênio com empresas de fidelização costumam ter uma taxa administrativa maior do que outros, sendo assim, voltados ao consumidor que utiliza o cartão com mais frequência de que as outras formas de pagamento.

“Alguns desses cartões possuem anuidade de R$ 35 a R$ 40. Ou seja, em um ano, você terá gastado quase R$ 500 apenas na taxa administrativa de seu cartão, de forma que só valerá a pena, caso ele estiver trocando por produtos ou serviços com valores de mercado maiores que este”, explicou Freire, que orienta o consumidor a estudar bem o programa de milhas que tem interesse, avaliando o custo benefício, antes de optar por um sistema de crédito mais caro.

O funcionário público Nilton Pinheiro decidiu restringir o uso dos pontos acumulados nas passagens aéreas já que não viu vantagens na aquisição de outros produtos. Ele chegou a participar de um programa de fidelização, abastecendo em uma única rede de postos de combustíveis. O problema é que o prazo era muito curto para chegar à uma pontuação mínima para fazer a troca destes pontos por um prêmio.   

“Já faz algum tempo que desisti deste programa, mas me recordo que era necessário acumular dez mil pontos para fazer a troca dentro de um prazo que eu não conseguia cumprir. Dessa forma, eu acabava perdendo todos os pontos que já havia acumulado desde então e a contagem recomeçava. Acabei desistindo, porque, além de não conseguir o combustível desta rede é um dos mais caros da cidade”, explicou Nilton. 

Outro risco, segundo aponta Edísio Freire, é a tendência aos gastos que cada pessoa tem individualmente. É preciso tomar cuidado para não se deixar “seduzir” pelas pontuações, e assim, fazer compras maiores do que a capacidade financeira de arcar com elas, estourando o orçamento e contraindo uma dívida. “Para pessoas que já tem tendência ao consumo exacerbado, é fundamental tomar cuidado com o volume das compras, já que uma dívida sempre é pior caminho”.

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